Thursday, April 12, 2007

Morre lentamente...

Morre lentamente,
quem não viaja, quem não lê,
quem não ouve música,quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente,
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente,
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor,
ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente,
quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente,
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente,
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente,
quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece,
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.

Pablo Neruda

2 Comments:

At 3:45 PM, Blogger Gabriel said...

... como deves imaginar não me importaria rigorosamente nada de ter sido "o carteiro de Pablo Neruda"... :)
Gostei.

Olha... e enquanto escrevi este comentário acabei de morrer mais um bocadinho!! :) é assim..

 
At 4:12 PM, Anonymous Anonymous said...

Mto bonito!...:)

 

Post a Comment

<< Home