Tuesday, May 15, 2007

Guess How Much I love You...


O amor é afinal tão fácil de demonstrar...:)


"A pequena lebre cor de avelã, que ia deitar-se, agarrou-se firmemente às longas orelhas da grande lebre cor de avelã. Queria ter a certeza de que a grande lebre cor de avelã estava a ouvi-la “Adivinha quanto gosto de ti.”, disse ela. “Oh, não sei se sou capaz de adivinhar isso.”, disse a grande lebre cor de avelã. “Isto tudo.”, disse a pequena lebre cor de avelã, esticando os braços para os lados tão longe quanto podia. A grande lebre cor de avelã tinha os braços ainda mais compridos. “Mas eu gosto de ti isto tudo.”, disse. “Hummm… Isso é muito.”, pensou a pequena lebre cor de avelã. “Gosto de ti tão alto quanto consigo alcançar.”, disse a pequena lebre cor de avelã. “Eu gosto de ti tão alto quanto eu consigo alcançar.”, disse a grande lebre cor de avelã. “Isso é mesmo muito alto”, pensou a pequena lebre cor de avelã. “Quem me dera ter braços assim”. Então, a pequena lebre cor de avelã teve uma boa ideia. Fez o pino e chegou com os pés ao tronco da árvore. “Gosto de ti até à ponta dos meus pés!”, disse. “E eu gosto de ti até à ponta dos teus pés.”, disse a grande lebre cor de avelã, balançando-a no ar. “Gosto de ti tão alto quanto consigo saltar!”, disse a pequena lebre cor de avelã rindo e saltitando. “Mas eu gosto de ti tão alto quanto eu consigo saltar.”, sorriu a grande lebre cor de avelã e saltou tão alto que as suas orelhas tocaram nos ramos da árvore. “Que belos saltos”, pensou a pequena lebre cor de avelã. Quem me dera conseguir saltar assim. “Gosto de ti por aquele caminho abaixo, até ao rio.”, gritou a pequena lebre cor de avelã. “Gosto de ti até depois do rio e das montanhas.”, disse a grande lebre cor de avelã. Isso é muito longe, pensou a pequena lebre cor de avelã. Já estava tão ensonada que mal conseguia pensar. Então, olhou a grande noite escura por entre os arbustos. Nada poderia estar tão longe quanto o céu. “Gosto de ti até à Lua.”, disse, fechando os olhos. “Oh, isso é longe.”, disse a grande lebre cor de avelã. “Isso é mesmo muito longe.” A grande lebre cor de avelã deitou a pequena lebre cor de avelã na sua cama de folhas. Inclinou-se sobre ela e deu-lhe um beijo de boas-noites. Então, deitou-se bem perto e sussurrou com um sorriso “Gosto de ti até à lua… e de volta.”

Sam MacBratney
Ilustração: Anita Jeram

Tuesday, April 24, 2007

Parece tão fácil...mas raramente o fazemos!


Thursday, April 12, 2007

Morre lentamente...

Morre lentamente,
quem não viaja, quem não lê,
quem não ouve música,quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente,
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente,
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor,
ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente,
quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente,
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente,
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente,
quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece,
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.

Pablo Neruda

Thursday, April 05, 2007

Mesquinhez

Hoje é daqueles dias em que me apetece escrever só porque sinto um aperto no coração...mas não sei o que dizer ao certo...

...hoje apercebi-me o quão dificil é fugir à mesquinhez das pessoas...




Tento não ligar a isso mas é mesmo difícil...entranha-se em mim uma vontade de chorar quando reparo que as pessoas que estão próximas de nós, o mundo, é tão cheio disso: mesquinhez!

Fico triste...

...acho que ainda não sei ver as pessoas como elas são, ver o mundo como ele é...ainda tou muito verde nesse aspecto e...não sei se tenho vontade, se quero...amadurecer!...

Tuesday, April 03, 2007

A Velhice pode guardar a beleza

Aos meus avós...que, apesar da velhice, guardam um manancial de beleza para mim...
"Ana Cintra conta que seu filho pequeno,com a curiosidade de quem ouviu uma nova palavra, mas ainda nao entendeu seu significado, perguntou-lhe:
"Mamãe, o que é velhice? "
Na fração de segundo antes da resposta,Ana fez uma verdadeira viagem ao passado.
Lembrou-se dos momentos de luta, das dificuldades, das decepções.
Sentiu todo o peso da idade e da responsabilidade em seus ombros.
Tornou a olhar para o filho, que, sorrindo, aguardava uma resposta.
"Olhe para o meu rosto, filho" , disse ela."Isto é a velhice".
E imaginou o garoto vendo as rugas e a tristeza em seus olhos.
Qual não foi sua surpresa quando, depois de alguns instantes, o menino respondeu:
"Mamãe! Como a velhice é bonita!"
(By Paulo Coelho)

Wednesday, January 03, 2007

Sentir...mais do que escrever...

Estava a pensar no que escrever hoje...tantos dias depois de aqui ter escrito a última vez...vieram-me uns quantos temas à mente e, na verdade, sinto que nenhum deles saberia desenvolver, ou não conseguiria....!?

Por isso...deixo um poema, porque como já o disse ou dei a entender mais que uma vez, acho que os poemas falam por si...quer dizer, podem dizer-se as coisas de forma bem portuguesa para que as percebam (os portugueses) à primeira leitura("para bom entendedor meia-palavra basta") mas...gosto daquela forma de dizer as coisas em que....se diz diz tudo e não se diz nada, em que as coisas se sentem mais do que se escrevem...

....humm...gosto de poemas e gosto deste tom "de mansinho" com que se podem dizer um milhão de coisas.....gosto!

....espero que também gostem!=)


Falas de civilização...
Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as coisas humanas postas desta maneira,
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seriam melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!
Alberto Caeiro

Wednesday, August 02, 2006

"Anda daí.."

"Imagina o trabalhão que tive, mas agarrei uma estrela só para ti. Somos amigos há tantos anos, muitos mais do que aqueles que já vivemos. Sei que só tenho dezoito anos e que ainda agora entrei para a faculdade, mas acho que nasci com uma alma antiga, porque olho para Mundo e vejo mais longe do que muitos conseguem alcançar.

Por isso talvez a nossa amizade venha de outro tempo, um tempo sem tempo, uma existência eterna e paralela onde tu também tens dezoito anos e todas as noites podemos subir à Lua e apanhar estrelas.Agora elas andam fugidias, a tecnologia tornou-as mais rápidas e são muito difíceis de apanhar. Mas por ti, por tudo o que me ensinaste, por tudo o que já vivemos - ainda que em sonhos - por tudo o que aprendi a ser contigo, por ti, eu apanho as estrelas que for preciso.


Anda daí, vem sentar-te na Lua.Nunca está frio cá em cima e instalaram umas escadas rolantes para não nos cansarmos na subida. A Lua forrou-se de almofadas brilhantes e distribui mantas e bebidas aos visitantes. Negociei um lugar cativo com o patrocinador oficial e assim podemos ir todas as noites, se quiseres, se puderes, se tiveres tempo e vontade, tu que andas sempre a correr contra o tempo, contra os comboios, contra quem está contra ti.

Não sei se também serei escritor um dia. Sonho com isso, mas faz-me impressão ver-te todos os dias fechada a lutar contra o silêncio, contra as palavras, contra o tempo. Falta-te a respiração do mar, uma existência serena, a capacidade de desligar. Falta-te tempo e energia. Mas nunca te hão de faltar os verdadeiros amigos, como eu.Nem sempre conseguimos encontrar-nos no tempo presente, nem sempre tens tempo para mim, mas eu sei que posso contar contigo, que num momento de crise estarás ao meu lado, que voltarás sempre, porque se a vida é um eterno regresso a casa, a amizade é um amor eterno.

Por isso anda daí, vamos os dois um bocadinho à Lua e quando voltarmos estarás mais bela e mais feliz e podes ter a certeza que o tempo em que estamos com aqueles que nos querem bem é sempre um tempo ganho, como quem acumula pontos de felicidade para o futuro.
Mesmo que seja na Lua, ou cá em baixo, entre os homens, tanto faz o tempo e o lugar, o que conta é o modo de ser e de amar."
(Margarida Rebelo Pinto)